terça-feira, 14 de outubro de 2008

Entrevista com Carlos Alberto - 09/10/08


Carlos Alberto, lateral direito, emprestado do Atlético Paranaense para o Esporte Clube Vitória, cresceu com a bola nos pés e, aos 24 anos, já é considerado um jogador experiente. Potiguar de Natal, o jogador fala um pouco da sua trajetória profissional, sua atuação no Bahia e as críticas que enfrenta hoje no rubro-negro. “Isso não me abateu não. Eu levantei a cabeça para procurar fazer o meu melhor” - declarou o jogador a respeito da desclassificação do Vitória na Copa do Brasil 2008.



Camila Giuliani e Fernanda Soares

Camila e Fernanda: Como foi essa escolha de jogar futebol? Quando você era pequeno já se destacava jogando bola com seus amigos?

Carlos Alberto: É, minha infância toda foi jogando futebol, em minha cidade, eu sou do interior de Natal, “né”, e sempre joguei bola desde moleque, mas quando fui pra o profissional foi aos 15 anos. Foi no América de Natal que eu comecei, no infantil.

Camila e Fernanda: Depois do América de Natal você foi para o Cruzeiro.

Carlos Alberto: Isso. Aí eu fiquei dois anos e meio no América cheguei a me profissionalizar com 17 anos, aí fui vendido para o Cruzeiro.

Camila e Fernanda: E depois do Cruzeiro? Você foi...

Carlos Alberto: Então, fiquei cinco anos no Cruzeiro. No cruzeiro eu joguei juvenil e júnior, “né”, porque eu tinha idade de juvenil e júnior. Aí, em 2003, Wanderlei Luxemburgo “me subiu” para o profissional do Cruzeiro. Aí, de lá pra cá, só no profissional.

Camila e Fernanda: Antes de chegar ao Bahia, você saiu do Cruzeiro e foi para o Atlético Mineiro?

Carlos Alberto: Não, antes eu tive uma passagem no Londrina (Paraná) e depois eu fui para o Atlético Mineiro.

Camila e Fernanda: Certo. E seu último clube antes do Bahia...

Carlos Alberto: Foi o Atlético Paranaense.

Camila e Fernanda: Inclusive, você está emprestado para o Vitória pelo Atlético. Você jogou num time paulista também, não?

Carlos Alberto: Só o São Bento, em Sorocaba.

Camila e Fernanda: No Cruzeiro você ganhou um apelido. Peba, certo? Por quê?

Carlos Alberto: Esse apelido é do meu pai, “né”? É porque meu pai é meio gordo, aí o pessoal colocou esse apelido em mim quando eu fui para o América de Natal, um parceiro meu. Porque ele me chamava, no interior, como Peba. Aí eu fui para lá, para o América de Natal como Peba. Aí quando eu fui para o Cruzeiro, fui com esse nome. Só que quando eu fui profissional no Cruzeiro, que o Luxemburgo “me subiu”, ele não gostava desse nome. Aí ele colocou Carlos Alberto, que é o meu nome.

Camila e Fernanda: Você sentiu muita diferença entre atuar nos times do Sudeste e daqui da Bahia?

Carlos Alberto: “Ah”, a diferença é a estrutura, “né”? A organização, a valorização que tem.

Camila e Fernanda: Os times de lá são mais valorizados?

Carlos Alberto: Isso.

Camila e Fernanda: Como foi a experiência de participar do time que levou o Bahia de volta à série B? Você foi muito elogiado na época.

Carlos Alberto: “Ah”, foi muito bom, “né”? O Bahia é torcida de massa, os jogos sempre cheios. Quando tinha a Fonte Nova, era muito importante para o Bahia. A torcida do Bahia sempre ia para o estádio para dar força. Por isso que a gente fazia diferença na Fonte Nova.

Camila e Fernanda: Jogar no Baiano 2008, no Jóia da Princesa, foi um impacto muito grande?

Carlos Alberto: “Ah”, é. É um pouco complicado, porque é um pouco longe para a torcida se deslocar, “né”? Sair daqui para lá é complicado.

Camila e Fernanda: Isso abalou muito o time?!

Carlos Alberto: É, abalou. Essa tragédia na Fonte Nova, aí, no dia da subida.

Camila e Fernanda: Quando você chegou no Vitória, em fevereiro, a torcida do tricolor ficou, um pouco, contra a diretoria, porque não quis negociar melhor com você para permanecer no time.

Carlos Alberto: Na verdade, meu empréstimo vinha acabando no Bahia. E a diretoria em nenhuma hora, me procurou, “né”. Nisso a imprensa e a torcida sempre pegando no pé deles, porque eu estava muito bem e tal. Aí eles não me procuraram. E quando eles foram me procurar, tinha acabado meu empréstimo. Só que eles tiveram uma discussão com o pessoal do Atlético Paranaense, que é dono do meu passe. Aí o pessoal do Atlético não quis renovar com o Bahia.

Camila e Fernanda: Você jogava no Bahia também como lateral direito?

Carlos Alberto: Isso, lateral direito.

Camila e Fernanda: E como é sua relação, hoje, com a torcida do Bahia?

Carlos Alberto: “Ah”, muito boa. Eu saí muito bem do Bahia. Eu joguei esse ano lá ainda, no começo do Campeonato Baiano. Aí minha relação é muito boa com a torcida do Bahia, do Vitória. Tenho um carinho muito grande. Pena que eu não estou jogando.

Camila e Fernanda: E, pelo tempo que você jogou no Bahia, você torce pelo sucesso do time? Tem um sentimento, claro.

Carlos Alberto: Claro, claro. Com certeza, até porque deixei vários amigos lá, “né”. Tem os funcionários que eu conheço. Pessoas de lá, que conviveram comigo. Eu sempre torço. Espero que o Bahia conquiste seu objetivo.

Camila e Fernanda: Você jogou no Bahia por um ano, ou mais?

Carlos Alberto: Foi um ano.

Camila e Fernanda: Na Copa do Brasil, você recebeu algumas críticas após o jogo Vitória e Paraná, por conta de condicionamento físico. Diziam que você estava muito cansado para o jogo e que isso comprometeu um pouco a sua atuação. Como foi receber essas críticas?

Carlos Alberto: Ah, foi complicado, “né”. Porque na minha ida para o Vitória, não poder jogar o campeonato baiano, me prejudicou um pouco. E aí, eu ficava treinando, não tinha um ritmo de jogo nem nada, só jogava em um mês, às vezes dois meses, e eu não estava naquele ritmo que o pessoal que estava jogando no campeonato baiano. Acabei sentindo, normal. Até porque jogar no Barradão, o campo pesado, eu senti. Mas, isso não me abateu não. Eu levantei a cabeça para procurar fazer meu melhor.

Camila e Fernanda: E, existe algum motivo especial para a diferença de atuação quando você jogava no Bahia e quando você jogava no Vitória? Você ficou muito tempo sem jogar e perdeu um pouco do condicionamento físico, ou foi outra coisa?

Carlos Alberto: É que no Bahia eu joguei muitas partidas, “né”. Então eu estava muito bem fisicamente. Até que, no começo, com Paulo Comeli no Bahia, joguei acho que sete partidas seguidas, e estava muito bem. Só que, quando eu vim para o Vitória, eu não tive essa seqüência, porque eu não pude jogar o campeonato baiano. Por isso que eu recebi essas criticas, e tal. Mas sempre procurei dar o meu melhor.

Camila e Fernanda: Como você lida com a torcida? Todo mundo fala muito que: “Ah, do que adiantava você ter saído do Bahia, já que lá você jogava tão bem, e agora, no Vitória, você não está jogando tanto”. A torcida te cobra também ou só a imprensa, na verdade? Porque a imprensa fala bastante.

Carlos Alberto: Cobra, a torcida cobra. É, em relação a não jogar, com a mudança de treinador, quando chegou o Mancini, eu tive muitas oportunidades. As oportunidades que eu tive, eu procurei sempre dar o meu melhor e acho que quando eu joguei, eu recebi a crítica da imprensa, da torcida.

Camila e Fernanda: Você só jogou quatro jogos no Brasileiro?

Carlos Alberto: Isso. Acho que quatro ou cinco.

Camila e Fernanda: No inicio, quando você jogou no Vitória, falavam sobre a sombra de Apodi. Sobre Apodi ter feito muito sucesso no Vitória e ter virado um ídolo, e que você ia ocupar a posição que ele jogava. Essa sombra, em algum momento, te assustou, ou não, você achou que iam te reconhecer pelo seu trabalho?

Carlos Alberto: Não, não. Iam me reconhecer pelo meu trabalho. Como ele já sabia da minha potencialidade, que eu vinha jogando no Bahia e tal. Mas em nenhum momento ele chegou a me assustar.

Fernanda e Camila: Você tem vontade de jogar em outra posição no Vitória, ou continuar como lateral-direito mesmo?

Carlos Alberto: Como lateral mesmo.

Camila e Fernanda: Você já jogou como meio-campo, não foi?

Carlos Alberto: Já, cheguei a jogar de volante. Mas isso ai, não sei, foi no América de Natal. Tem muito tempo. Eu era da base ainda.

Camila e Fernanda: No início da temporada do Brasileiro, você esperava que o Vitória fosse fazer uma campanha tão boa? Já que tinha saído da 2º divisão, acabado de subir.

Carlos Alberto: É, na verdade ninguém acreditava no Vitória. Mas, o Vitória surpreendeu muita gente. Mesmo a mídia aí, do Rio e São Paulo, não acreditava no Vitória. Acho que a gente fez um bom trabalho no 1° turno, mas está vendo a dificuldade no 2° turno, de encaixar melhor. Mas o Vitória ta fazendo uma campanha muito boa, para quem acabou de subir.

Camila e Fernanda: Inclusive, na entrevista que você fez para o site “Leão da Barra”, logo quando você entrou no Vitória, você falou que o necessário para o Vitória conseguir chegar onde ele está hoje, é jogar bem fechado, mantendo o time compacto. Foi o que ele conseguiu fazer no 1° turno. Mas agora o time está um pouco desequilibrado. A que você atribui essa queda do Vitória?

Carlos Alberto: Em não ter conquistado muitas vitórias fora de casa. E alguns pontos perdidos dentro de casa, com equipes que estavam lá embaixo, “né”. Contra o Ipatinga que a gente teve um empate, e contra o Sport. Isso acabou tendo um pouco de pressão no psicológico dos jogadores. Porque vínhamos ganhando dentro de casa. Tinham várias partidas que a gente não perdia, não empatava jogando dentro de casa.

Camila e Fernanda: E você ainda tem esperanças que o time consiga uma vaga na Libertadores esse ano?

Carlos Alberto: Claro, o time tem plenas condições. Está muito próximo da Libertadores. Só que tem quatro jogos difíceis agora, na reta final. Só um fora de casa. Vai ser muito importante para o Vitória.

Camila e Fernanda: E o que você espera do jogo de hoje, Botafogo e Vitória?

Carlos Alberto: Ah, vai ser difícil. O Botafogo vem querendo a vitória dentro de casa e, diante da sua torcida, vai ser um jogo bem difícil mesmo.

Camila e Fernanda: O Botafogo está bem diferente do 1° turno...

Carlos Alberto: Isso, depois que Ney Franco chegou, deu uma arrumada no Botafogo. Eu o conheci quando ele foi meu treinador no Cruzeiro. Ele é um “cara” que tem uma estrela muito grande, que aonde ele chega consegue arrumar o time. O Botafogo cresceu bastante com ele.

Camila e Fernanda: O Vitória vai precisar de bastante marcação então?

Carlos Alberto: É, vai ter que marcar muito.


Entrevista realizada no dia 9 de outubro de 2008.


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